Ídolo no Vasco, onde conquistou diversos títulos, Cesinha está no Irã. Titular do Malavan, equipe de praia do clube que é tradicional nos gramados no país, o goleiro, que disputou a Copa do Mundo FIFA Portugal 2015, completa dois meses morando na pacata Anzali disputando uma forte liga nacional que entra na segunda metade de competição nos próximos dias. Confira o bate-papo com Cesinha.
Como foi a recepção no Irã?
Todos me receberam de braços abertos, o povo aqui gosta muito dos brasileiros, são realmente apaixonados pelo futebol brasileiro, pelo nosso país. Pelo mundo, o Brasil é visto como um país alegre, todos foram carinhosos e querem estar sempre nos ajudando, são muito prestativos, estou muito feliz aqui.
E a adaptação? Cultura, língua, comida, religião…?
Em relação à adaptação, o mais complicado foi o fuso horário, já que são sete horas e meia de fuso de diferença. Mesmo já adaptado, acabo indo dormir sempre um pouco mais tarde, para poder falar com a minha família, já que a manhã daqui é a madrugada do Brasil. Tenho um filho pequeno, de um ano e três meses, então fica aquela saudade, quero ter notícias o tempo todo. Em termos de alimentação, tudo foi muito tranquilo, a comida é parecida, carnes, legumes, frutas, isso foi bem fácil. Existe um lado cultural que é bem diferente, a questão da religião, mas já são dois meses vivendo aqui e estou bem adaptado. A língua atrapalha um pouco, é mais complicado, mesmo que eles falem um pouco de inglês, mas é 90% no persa, então é mais por gestos, pela língua do futebol.
Fale um pouco sobre a cidade, sobre o time… Você é o único brasileiro na liga?
Anzali é uma cidade que fica a cinco horas de Teerã, a capital do Irã. Mas aqui existe um time profissional, de campo, o Malavan, e os torcedores são muito apaixonados. Além de mim, aqui está também o Thiago Henrique, que é atleta do Botafogo, ele veio comigo. O Ozu, o Osmar Moreira, jogou aqui no ano passado, e pediram a ele a indicação de um goleiro. Ele me indicou e me convidaram. Durante a pré-temporada para a Copa do Mundo de Portugal, no Rio de Janeiro, o Farid, que é capitão aqui do Malavan e também jogador da seleção iraniana, viu o Thiago jogando e gostou dele. O clube fez o convite e ele está aqui, fazendo sucesso, marcando muitos gols.
E a competição? Como está o Malavan na liga?
Aqui jogam todos contra todos em dois turnos e o campeão é aquele que somar o maior número de pontos no fim da competição. São 13 equipes no torneio, estamos na terceira posição, bem perto do líder, e está tudo bem embolado, e está acabando agora o primeiro turno. Temos mais 12 jogos no returno e tudo pode acontecer. O Paulo Marcelo, o ‘Pardal’, que trabalhou com o Marcelo Mendes nos Emirados Árabes e hoje é assistente dele no Japão, está vindo para assumir a minha equipe, chega nos próximos dias. Será mais um brasileiro aqui no Irã.
O Irã pode ser considerado, hoje, uma das forças do beach soccer no mundo. Como você enxerga essa evolução do país nas areias?
O Irã é muito forte. Por anos, o Marcos Otávio esteve à frente da seleção, ele é um técnico muito vibrante, montou uma equipe forte, que não desiste nunca. Os iranianos são apaixonados pelo Brasil, uma coisa que me surpreendeu foi eles terem assistido aos jogos do Brasil na Copa América, que passaram na madrugada, e o no dia seguinte da eliminação contra o Peru, todos estavam tristes pela derrota. Eles tem aquela imagem de que a Seleção Brasileira é a melhor do mundo. Hoje o Irã está entre as seis melhores do mundo no beach soccer, com certeza. A liga aqui é muito forte, são sete meses com jogos toda semana, sempre àsquartas, quintas e sextas, em várias cidades e pelo país inteiro, transmitidos pela TV. O esporte está crescendo muito, está sendo uma experiência muito boa para mim.