Em 1993, o ex-jogador Júnior conheceu o beach soccer em uma viagem aos Estados Unidos. Já praticante do Futebol de Praia nas areias de Copacabana (11 jogadores), ele viu naquele formato reduzido de 1 goleiro e 4 atletas de linha um produto que poderia cair nas graças do torcedor brasileiro. No mesmo ano, organizou alguns jogos de exibição com a presença de ex-companheiros dos gramados, dando, assim, os primeiros passos da modalidade.
Em 1995, a TV Globo e uma agência de marketing firmaram parceria para a realização do I Mundialito de Beach Soccer, competição que aconteceu no mês de abril, na famosa praia de Copacabana. Jogando em casa, empurrado pelos milhares de torcedores que lotaram as arquibancadas, o Brasil sagrou-se campeão, superando a Itália na decisão (Estados Unidos e Argentina também participaram). Além do público excepcional que compareceu ao evento, o gol de bicicleta marcado por Cláudio Adão foi destaque no noticiário da TV nacional. Era o beach soccer conquistando o povo brasileiro.
Criada como opção de lazer e entretenimento, o beach soccer alcançou todos os objetivos devido às suas características, o que garante popularidade e audiência de TV. Tais como:
- Estilo de vida: o ambiente de jogo são as praias que sugerem um estilo de vida descontraído e saudável com sol, mar e belas paisagens;
- Regras do jogo, dimensões do campo e a superfície irregular proporcionam constantes ações de gol, jogadas plásticas como bicicletas e voleios, além de uma altíssima média de gols;
- Tempo de jogo, que se divide em três períodos de 12 minutos, com intervalos de três minutos cada. Este formato facilita a programação de TV que pode desenvolver um show de uma hora de duração com abertura, intervalos comerciais e encerramento, mantendo o interesse do público;
Na Europa, em 1996, foi criada a Liga Européia, e atualmente quase 120 países participam de competições pelo mundo, alguns deles, inclusive, na versão feminina.
Em solo brasileiro, o ano de 1998 foi marcante. A fim de se adequar à legislação brasileira vigente (Lei Pelé), três federações estaduais fundaram a Confederação Brasileira de Beach Soccer (CBBS). À época, contando com 22 federações estaduais filiadas, a entidade tinha a responsabilidade de gerir a modalidade, organizando competições em parceria com as federações, sendo elas interestaduais, nacionais ou internacionais.
Entre as grandes potências da atualidade, além do tetracampeão invicto Brasil (2006/07/08/09), estão a tricampeã mundial Rússia (2011/13/21), os bicampeões Portugal (2015/19), a campeã França (2005), além dos vice-campeões Itália (2008/19), Suíça (2009), Espanha (2013), Taiti (2015/17) e Japão (2021).
No início de 2005, o beach soccer recebeu a chancela da FIFA, que realizou em maio daquele ano, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, a primeira edição da Copa do Mundo FIFA. A França, que venceu o Brasil nas semifinais, ficou com o título, vencendo Portugal na final. A seleção canarinho, que teve Romário em seu elenco, completou o pódio, na terceira posição. A Cidade Maravilhosa voltou a sediar a competição em 2006 e 2007, e a Seleção Brasileira, empurrada pela torcida, conquistou o bicampeonato mundial invicto.
Em 2008, a Europa recebeu sua primeira Copa do Mundo. Em Marselha, o Brasil subiu ao topo do pódio mais uma vez. Em 2009, o filme se repetiu em Dubai (Emirados Árabes), com o tetracampeonato mundial invicto dos ‘reis da praia’. Depois da passagem pelo ‘mundo árabe’, a Copa do Mundo passou a ser disputada a cada dois anos, ou seja, apenas nos anos ímpares. Ravenna, na Itália, foi escolhida como sede da edição 2011, e a Rússia sagrou-se campeã mundial pela primeira vez, vencendo o Brasil na final por 12 a 8.
Itinerante, a Copa do Mundo chegou a Papeete (Taiti) em 2013 para consagração do beach soccer russo, que conquistou o segundo título mundial ao bater a Espanha na decisão por 5 a 1. A Seleção Brasileira ficou com a terceira posição. Em 2015, foi a vez de Espinho (Portugal) sediar uma edição FIFA e os anfitriões aproveitaram bem a oportunidade, conquistando o título inédito ao derrotarem os taitianos por 5 a 3. O Brasil terminou na quinta colocação. No mesmo ano, foi fundada a Confederação de Beach Soccer do Brasil (CBSB), reconhecida até hoje por CBF, Conmebol e FIFA como entidade máxima da modalidade no país.
Em 2017, Bahamas recebeu a nata do beach soccer. Nassau, capital do paradisíaco país, sediou a 9ª edição da Copa do Mundo FIFA e o Brasil chegou ao Caribe ostentando uma invencibilidade de 29 partidas, embalado por sete títulos sob o comando do técnico Gilberto Costa, e com um objetivo muito bem definido: colocar a quinta estrela no peito. Impecável, a Seleção Brasileira venceu Taiti (duas vezes, uma na fase de grupos e outra na grande final), Polônia, Itália, Portugal e Japão para conquistar o pentacampeonato invicto, retomando a hegemonia mundial. Depois do Mundial, o Brasil ainda conquistou alguns títulos, entre eles o tricampeonato da Copa Intercontinental Dubai, em novembro, alcançando 57 jogos de invencibilidade.
No mesmo ano, a Conmebol criou uma competição sul-americana para desenvolver o beach soccer no continente sul-americano. A Liga Sul-Americana, posteriormente chamada de Liga Evolución, uniu as seleções principais e seleção sub-20 de todos os países. Assim nasceu a nossa seleção sub-20. Em dezembro de 2017, foi realizado o primeiro torneio específico para a categoria, o Sul-Americano Sub-20, no Uruguai, onde o Brasil foi campeão ao derrotar a Argentina, nos pênaltis, após o tempo normal e tempo extra terminarem 1 a 1.
O ano de 2019 foi marcante para a história do beach soccer brasileiro, pois houve a criação da nossa 1ª seleção brasileira feminina. E logo de cara já teve um grande desafio pela frente, os Jogos Mundiais de Praia (World Beach Games). No início de novembro, nossas equipes feminina e masculina viajaram para o Catar em busca do pódio. Nossos craques mantiveram o histórico vencedor e levaram a medalha de ouro, com uma goleada histórica por 9 a 3 sobre a grande rival Rússia. Já as nossas estreantes fizeram bonito e conquistaram uma incrível medalha de bronze.
Algumas semanas depois, foi a vez das nossas meninas retornarem a campo para o Torneio Sul-Americano, no Paraguai, onde ficamos com a medalha de prata. Na sequência do ano, também no Paraguai, foi realizada a Copa do Mundo masculina, onde o Brasil entrou como um dos favoritos, com um elenco quase igual ao do título de dois anos antes. No entanto, nas quartas de final, levamos o troco e caímos para a Rússia, em uma virada difícil de engolir até hoje. Portugal foi o campeão, e viu sua maior estrela Madjer se despedir oficialmente das areias. Antes do fim do ano, foi a vez de nossa equipe masculina sub-20 entrar em campo para a 2ª edição do Sul-Americano e terminar como vice-campeã.
Após um ano de 2020 atípico onde o mundo todo parou por conta da pandemia da Covid-19, a seleção voltou a participar de uma competição oficial somente em 2021, nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo da Rússia. Sob o comando de Gilberto Costa, nosso esquadrão passou por uma renovação, uma vez que os principais atletas estavam na Europa disputando os principais torneios do Velho Continente. Mesmo assim, o Brasil sagrou-se campeão e foi para Moscou em busca do hexacampeonato. Mas a festa foi toda Rússia, que fez uma grande competição embalada pela sua torcida e terminou no primeiro lugar do pódio. O Brasil caiu nas quartas de final para Senegal, que conseguiu um empate em 3 a 3 no tempo normal, e marcou duas vezes contra apenas uma da seleção canarinho no tempo extra. Festa para a equipe africana que fez história ao terminar em 4º lugar, melhor colocação de uma seleção do seu continente em Copas do Mundo de beach soccer. A competição marcou a despedida da impressionante trajetória de Gilberto Costa à frente da seleção brasileira, onde alcançou a marca de 106 vitórias em 110 partidas, com 22 títulos conquistados.
Mas o ano de 2021 não foi só de tristeza pela perda da Copa do Mundo. Tivemos a imensa felicidade de ver nossa seleção feminina levantar seu primeiro troféu da história ao conquistar a Copa Intercontinental, na Rússia, após ficar em 1º lugar em um quadrangular disputado com EUA, Espanha e Rússia. A competição aconteceu na mesma arena onde o Mundial masculino foi realizado, 15 dias antes do seu início.
Em 2022, mais uma grande conquista no beach soccer feminino. Em sua única competição disputada na temporada, nossas meninas levantaram o caneco mais uma vez! Venceram a NEOM Cup, nos Emirados Árabes, ao baterem a Inglaterra na final, com destaque absoluto para a estreante Tai, do São Pedro-ES, que terminou o torneio como artilheira e MVP. Para coroar a temporada, a atacante maranhense Adriele, do Sampaio Corrêa-MA, conquistou o prêmio de Melhor Jogadora do Mundo, promovido pela BSWW, entrando para a história como a primeira brasileira a conquistar essa honraria.
No masculino, o ano ficou marcado pela apresentação do novo treinador da seleção, o experiente Marco Octavio. Em sua primeira decisão, levantou o troféu da Liga Evolución 2019, que só pode acontecer em 2022 devido à pandemia, e em seu segundo desafio ficou com o vice-campeonato da Copa América 2022, perdendo para o Paraguai, donos da casa, por 3 a 2 em uma final eletrizante, mesmo atuando com uma equipe com diversos jogadores novos, pois os principais atletas do país estavam atuando em campeonatos na Europa.
No final do ano, mais duas finais para a conta do treinador. Na Intercontinental Cup, em Dubai, um vice-campeonato para o Irã. Já na NEOM Cup, mais um título de campeão, dando o troco nos paraguaios na decisão. Paralelamente, uma outra seleção, comandada pelo auxiliar técnico Juninho, disputou o grupo Zona Norte da Liga Evolución 2022 e conquistou mais um troféu de campeão.